Por que é
que eu me chamo isso
e não me chamo aquilo?
Por que é que o jacaré
não se chama crocodilo?
Eu não gosto
do meu nome,
não fui eu
quem escolheu.
Eu não sei
porque se metem
com um nome
que é só meu!
O nenê
que vai nascer
vai chamar
como o padrinho,
vai chamar
como o vovô,
mas ninguém
vai perguntar
o que pensa
o coitadinho.
Foi meu pai quem decidiu
que o meu nome fosse aquele.
Isso só seria justo
se eu escolhesse
o nome dele.
Quando eu tiver um filho,
não vou por nome nenhum.
Quando ele for bem grande,
ele que procure um!
(Pedro Bandeira. Cavalgando o arco-íris. São Paulo, Moderna, 1984.)
e não me chamo aquilo?
Por que é que o jacaré
não se chama crocodilo?
Eu não gosto
do meu nome,
não fui eu
quem escolheu.
Eu não sei
porque se metem
com um nome
que é só meu!
O nenê
que vai nascer
vai chamar
como o padrinho,
vai chamar
como o vovô,
mas ninguém
vai perguntar
o que pensa
o coitadinho.
Foi meu pai quem decidiu
que o meu nome fosse aquele.
Isso só seria justo
se eu escolhesse
o nome dele.
Quando eu tiver um filho,
não vou por nome nenhum.
Quando ele for bem grande,
ele que procure um!
(Pedro Bandeira. Cavalgando o arco-íris. São Paulo, Moderna, 1984.)
Não me olhe
de lado
que eu não sou melado.
Não me olhe de banda
que eu não sou quitanda.
Não me olhe de frente
que eu não sou parente.
(...)
Não me olhe no meio
que eu não sou recheio.
Não me olhe na janela
que eu não sou panela.
Não me olhe da porta
que eu não sou torta.
Não me olhe do portão
que eu não sou leitão.
Não me olhe no olho
que eu não sou caolho.
Não me olhe na mão
que eu não sou mamão.
(...)
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986.)
que eu não sou melado.
Não me olhe de banda
que eu não sou quitanda.
Não me olhe de frente
que eu não sou parente.
(...)
Não me olhe no meio
que eu não sou recheio.
Não me olhe na janela
que eu não sou panela.
Não me olhe da porta
que eu não sou torta.
Não me olhe do portão
que eu não sou leitão.
Não me olhe no olho
que eu não sou caolho.
Não me olhe na mão
que eu não sou mamão.
(...)
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986.)
A bruxa tem
um jardim
plantadinho de vassouras.
Quando as vassouras se esticam,
amarelam bem maduras,
elas se largam no chão
e voam pela noite escura.
Varre, varre, vassourinha
varre o preto e mostra a lua,
varre a noite, limpa a estrela
poesia ninguém segura.
(Sylvia Orthof. A poesia é uma pulga. São Paulo, Atual, 1992.)
plantadinho de vassouras.
Quando as vassouras se esticam,
amarelam bem maduras,
elas se largam no chão
e voam pela noite escura.
Varre, varre, vassourinha
varre o preto e mostra a lua,
varre a noite, limpa a estrela
poesia ninguém segura.
(Sylvia Orthof. A poesia é uma pulga. São Paulo, Atual, 1992.)
De repente o
sol raiou
E o galo cocoricou:
_ Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
_ Aonde, aonde?
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
_ Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
_ Foi sim que eu estava lá!
(Vinícius de Moraes. A arca de Noé. Rio de Janeiro, Sabiá, 1970.)
E o galo cocoricou:
_ Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
_ Aonde, aonde?
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
_ Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
_ Foi sim que eu estava lá!
(Vinícius de Moraes. A arca de Noé. Rio de Janeiro, Sabiá, 1970.)
Uma estrela
dorminhoca
dorme e ronca a noite inteira.
Que estrela de doideira,
que estrela preguiçosa!
Todas, todas as estrelas
dormem só durante o dia.
De noite, elas acordam,
sacodem as cabeleiras
feitas só de diamantes.
Mas a tal da dormideira
ronca, ronca numa nuvem
debaixo do seu lençol.
Acorda de madrugada,
esfrega os olhos, rosada,
dormiu a noite inteirinha.
Depois fica amarelada,
levanta, toda assanhada,
dourada Estrela Sol!
(Sylvia Orthof. A poesia é uma pulga. São Paulo, Atual, 1992.)
dorme e ronca a noite inteira.
Que estrela de doideira,
que estrela preguiçosa!
Todas, todas as estrelas
dormem só durante o dia.
De noite, elas acordam,
sacodem as cabeleiras
feitas só de diamantes.
Mas a tal da dormideira
ronca, ronca numa nuvem
debaixo do seu lençol.
Acorda de madrugada,
esfrega os olhos, rosada,
dormiu a noite inteirinha.
Depois fica amarelada,
levanta, toda assanhada,
dourada Estrela Sol!
(Sylvia Orthof. A poesia é uma pulga. São Paulo, Atual, 1992.)
Bão-la-la-lão,
senhor capitão,
espada na cinta,
sorvete na mão.
Bão-la-la-lente,
senhor tenente,
a tropa na frente
e a moça na mente.
Bão-la-la-lim,
senhor Serafim,
dinheiro no bolso,
nem liga pra mim.
Bão-la-la-lom,
senhor garçom,
serve pra gente
bala e bombom.
Bão-la-la-lum,
senhor Viramum,
o pé na estrada
sem rumo nenhum.
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986.)
senhor capitão,
espada na cinta,
sorvete na mão.
Bão-la-la-lente,
senhor tenente,
a tropa na frente
e a moça na mente.
Bão-la-la-lim,
senhor Serafim,
dinheiro no bolso,
nem liga pra mim.
Bão-la-la-lom,
senhor garçom,
serve pra gente
bala e bombom.
Bão-la-la-lum,
senhor Viramum,
o pé na estrada
sem rumo nenhum.
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986.)
_Menina
faceira
de laço de fita
não vás tão bonita
sozinha ao jardim.
Se pensar Beija-Flor
que teu laço é flor,
pelos ares levará
um anel dos teus cabelos.
_Mamãe, não tenha cuidado,
eu sei dar laço bem dado.
_Menina trigueira
de faces vermelhas
no jardim sem teu irmão
não fiques, não.
Se Beija-Flor imagina
que teu rosto é flor,
menina, minha menina,
de certo um beijo te dá.
_Quando ele me der um beijo,
nas minhas mãos estará.
(Henriqueta Lisboa. O menino poeta. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1985.)
de laço de fita
não vás tão bonita
sozinha ao jardim.
Se pensar Beija-Flor
que teu laço é flor,
pelos ares levará
um anel dos teus cabelos.
_Mamãe, não tenha cuidado,
eu sei dar laço bem dado.
_Menina trigueira
de faces vermelhas
no jardim sem teu irmão
não fiques, não.
Se Beija-Flor imagina
que teu rosto é flor,
menina, minha menina,
de certo um beijo te dá.
_Quando ele me der um beijo,
nas minhas mãos estará.
(Henriqueta Lisboa. O menino poeta. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1985.)
Procura-se
algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma festa
onde o homem não mate
nem bicho nem homem
e deixe em paz
as árvores na floresta.
Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.
(Roseana Murray. Classificados poéticos. Belo Horizonte, Miguilim, 1984.)
onde a vida seja sempre uma festa
onde o homem não mate
nem bicho nem homem
e deixe em paz
as árvores na floresta.
Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.
(Roseana Murray. Classificados poéticos. Belo Horizonte, Miguilim, 1984.)
Vinícius de
Moraes
Lá vai São Francisco
pelo caminho
de pé descalço
tão pobrezinho
dormindo à noite
junto ao moinho
bebendo água
do ribeirinho.
Lá vai São Francisco
de pé no chão
levando nada
no seu surrão
dizendo ao vento
bom dia, amigo
dizendo ao fogo
saúde, irmão.
Lá vai São Francisco
pelo caminho
levando ao colo
Jesuscristinho
fazendo festa
no menininho,
contando histórias
pros passarinhos.
(Henriqueta Lisboa. Poemas para a infancia - antologia escolar. Rio de Janeiro, Ediouro. Coleção Calouro.)
Lá vai São Francisco
pelo caminho
de pé descalço
tão pobrezinho
dormindo à noite
junto ao moinho
bebendo água
do ribeirinho.
Lá vai São Francisco
de pé no chão
levando nada
no seu surrão
dizendo ao vento
bom dia, amigo
dizendo ao fogo
saúde, irmão.
Lá vai São Francisco
pelo caminho
levando ao colo
Jesuscristinho
fazendo festa
no menininho,
contando histórias
pros passarinhos.
(Henriqueta Lisboa. Poemas para a infancia - antologia escolar. Rio de Janeiro, Ediouro. Coleção Calouro.)
O polvo tem
oito braços.
A lua cheia,
dizem as estórias
antigas,
tem mil
braços -
braços de
raios de
luar.
Para que
tantos braços?
São pra
fazer cafuné
nos mil
bichinhos
do mar:
o polvo,
o...
(Luís Camargo. O cata-vento e o ventilador. São Paulo, FTD, 1986.)
A lua cheia,
dizem as estórias
antigas,
tem mil
braços -
braços de
raios de
luar.
Para que
tantos braços?
São pra
fazer cafuné
nos mil
bichinhos
do mar:
o polvo,
o...
(Luís Camargo. O cata-vento e o ventilador. São Paulo, FTD, 1986.)
O menino dos
ff e rr
é o Orfeu Orófilo Ferreira:
Ai com tantos rr, não erres!
(Cecilia Meireles. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.)
é o Orfeu Orófilo Ferreira:
Ai com tantos rr, não erres!
(Cecilia Meireles. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.)
Coitada da
zebra!
É tão pobrezinha,
só tem uma roupa
a coitadinha!
Dorme de pijama,
pijama de listrinha,
e passa dias inteiros
vestida de pijaminha.
Que tal a gente se juntar
e fazer uma vaquinha
pra comprar pra zebrinha
vestido de bolinha?
(Wania Amarante. Cobras e lagartos. Belo Horizonte, Miguilim, 1983.)
É tão pobrezinha,
só tem uma roupa
a coitadinha!
Dorme de pijama,
pijama de listrinha,
e passa dias inteiros
vestida de pijaminha.
Que tal a gente se juntar
e fazer uma vaquinha
pra comprar pra zebrinha
vestido de bolinha?
(Wania Amarante. Cobras e lagartos. Belo Horizonte, Miguilim, 1983.)
Sempre que o
sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
O girassol é o carrossel das abelhas.
(Vinícius de Moraes. A arca de Noé. Rio de Janeiro, José Olympio, 1980.)
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
O girassol é o carrossel das abelhas.
(Vinícius de Moraes. A arca de Noé. Rio de Janeiro, José Olympio, 1980.)
Por que será
que
numa noite a lua é
tão pequena e fininha
e outra noite ela fica
tão redonda e gordinha
para depois ficar de novo
daquele jeito estreitinha?
Depende do quê?
Depende do dia
que a gente vê.
(Jandira Masur. O frio pode ser quente? São Paulo, Ática, 1985.)
numa noite a lua é
tão pequena e fininha
e outra noite ela fica
tão redonda e gordinha
para depois ficar de novo
daquele jeito estreitinha?
Depende do quê?
Depende do dia
que a gente vê.
(Jandira Masur. O frio pode ser quente? São Paulo, Ática, 1985.)
A lua
aluada
estuda
tabuada.
A lua
luneta
estuda
opereta.
A lua
de mel
estuda
o céu.
A lua
lunática
estuda
gramática.
(Sérgio Caparelli. A jibóia Gabriela. Porto Alegre, L&PM, 1984.)
aluada
estuda
tabuada.
A lua
luneta
estuda
opereta.
A lua
de mel
estuda
o céu.
A lua
lunática
estuda
gramática.
(Sérgio Caparelli. A jibóia Gabriela. Porto Alegre, L&PM, 1984.)
Atirei o pau
no gato,
mas o gato
não morreu,
porque o pau pegou no rato
que eu tentei salvar do gato
e o rato
(que chato!)
foi quem morreu...
(José Paulo Paes. É isso ali. Rio de Janeiro, Salamandra, 1993.)
mas o gato
não morreu,
porque o pau pegou no rato
que eu tentei salvar do gato
e o rato
(que chato!)
foi quem morreu...
(José Paulo Paes. É isso ali. Rio de Janeiro, Salamandra, 1993.)
O grilo
coitado
anda grilado
e eu sei
o que há.
Salta pra aqui,
salta pra ali.
Cri-cri pra cá,
cri-cri pra lá.
O grilo
coitado
anda grilado
e não quer contar.
No fundo
não ilude
é só reparar
em sua atitude
pra se desconfiar.
O grilo
coitado
anda grilado
e quer um analista
e quer um doutor.
Seu grilo,
eu sei:
o seu grilo
é um grilo
de amor.
(Elias José. Um pouco de tudo: de bichos, de gente, de flores. São Paulo, Paulinas, 1982.)
coitado
anda grilado
e eu sei
o que há.
Salta pra aqui,
salta pra ali.
Cri-cri pra cá,
cri-cri pra lá.
O grilo
coitado
anda grilado
e não quer contar.
No fundo
não ilude
é só reparar
em sua atitude
pra se desconfiar.
O grilo
coitado
anda grilado
e quer um analista
e quer um doutor.
Seu grilo,
eu sei:
o seu grilo
é um grilo
de amor.
(Elias José. Um pouco de tudo: de bichos, de gente, de flores. São Paulo, Paulinas, 1982.)
Esta é a
história de uma menina.
Vou contar como ela era.
Seu nome é Rita Magrela,
Além de ser gritadeira,
Rita é muito tagarela.
A tal Rita magricela
Tem o nariz arrebitado,
sardas para todo lado
e o cabelo espetado
amarrado com fita amarela.
Esta Rita magricela,
a atal da cara magrela,
tem uma mania esquisita: vive fazendo birra!
A confusão logo começa já no café com pão:
se a Rita quer geleia e a mãe lhe diz que não, pronto!...
Já abre aquele bocão.
(Flávia Muniz. Rita, não grita. São Paulo, Melhoramentos, 1985.)
Vou contar como ela era.
Seu nome é Rita Magrela,
Além de ser gritadeira,
Rita é muito tagarela.
A tal Rita magricela
Tem o nariz arrebitado,
sardas para todo lado
e o cabelo espetado
amarrado com fita amarela.
Esta Rita magricela,
a atal da cara magrela,
tem uma mania esquisita: vive fazendo birra!
A confusão logo começa já no café com pão:
se a Rita quer geleia e a mãe lhe diz que não, pronto!...
Já abre aquele bocão.
(Flávia Muniz. Rita, não grita. São Paulo, Melhoramentos, 1985.)
A tia
Catarina
cata a linha.
A tia Tereza
bota a mesa.
A tia Ceiçao
amassa o pão.
A tia Leila
espia da janela.
A tia Dora
só namora.
A tia Cema
teima que teima.
A tia Maria
dorme de dia.
A tia Tininha
faz rosquinha.
(...)
A tia Salima
fecha a rima.
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986. Coleção Girassol.)
cata a linha.
A tia Tereza
bota a mesa.
A tia Ceiçao
amassa o pão.
A tia Leila
espia da janela.
A tia Dora
só namora.
A tia Cema
teima que teima.
A tia Maria
dorme de dia.
A tia Tininha
faz rosquinha.
(...)
A tia Salima
fecha a rima.
(Elias José. Namorinho de portão. São Paulo, Moderna, 1986. Coleção Girassol.)
Olha o sapo
dentro do saco,
o saco com o sapo dentro,
o sapo batendo papo
e o papo soltando vento.
(Ciça. O livro do trava-língua. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.)
o saco com o sapo dentro,
o sapo batendo papo
e o papo soltando vento.
(Ciça. O livro do trava-língua. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986.)
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