Depois que fizer as sondagens de escrita para avaliar as aprendizagens,
dedique maior atenção àqueles alunos cujos resultados não correspondem às
expectativas de aprendizagem, ou seja, que ainda não escrevem segundo a
hipótese silábica com valor sonoro. Se mostrarem avanços, mas estes ainda forem
pequenos, o que fazer?
Vários aspectos merecem ser
considerados, mas um deles é fundamental: essas crianças precisam do seu
acompanhamento diferenciado e próximo.
Mesmo que contem com a ajuda dos
colegas nas propostas em duplas, é indispensável a intervenção direta e
constante do professor. Seu apoio será importante, em certos momentos, para
incentivá-las a continuar manifestando suas ideias. A relação que você
estabelece com a criança e com o que ela produz é fundamental para que se sinta
capaz de aprender. Em outros momentos, porém, cabem intervenções mais
explícitas para que fiquem atentas às características do sistema de escrita; é
o caso, por exemplo, de quando você pede para ajudarem a escrever certas
palavras, faz perguntas sobre as letras iniciais ou finais etc.
Apresentamos a seguir algumas
orientações gerais, que serão úteis no encaminhamento de qualquer atividade,
com o intuito de criar condições para atender o maior número possível de alunos
com dificuldades.
1. De posse das sondagens
realizadas e da comparação dos resultados, identifique os alunos que necessitam
de mais ajuda. Esse procedimento é essencial. É verdade que no dia-a-dia você
obtém muitas informações acerca do que cada aluno já sabe. Mas as sondagens
servem justamente para fortalecer essas impressões e, ao mesmo tempo, garantir
que nada escape ao seu olhar. Sempre há alunos que não chamam tanto a atenção e
não costumam pedir ajuda (são tímidos ou preferem não se manifestar), mas
mostram ao longo do ano avanços menos significativos do que seria esperado,
indicando que necessitam de um acompanhamento próximo – e isso não seria
percebido sem a realização de sondagens periódicas.
2. Organize as duplas de modo que
os dois parceiros estejam em momentos razoavelmente próximos em relação às
hipóteses de escrita. Mais uma utilidade das sondagens: permitir que você agrupe
os alunos de acordo com critérios mais objetivos. É sempre importante lembrar
que a função das duplas não é garantir que todos façam as atividades
corretamente, mas favorecer a mobilização dos conhecimentos de cada um, para
que possam avançar. Lembre-se também de que uma boa dupla (a chamada dupla
produtiva) é aquela em que os integrantes fazem uma troca constante de
informações; um ajuda de fato o outro, e ambos aprendem. Preste muita atenção
às interações que ocorrem nas duplas e promova trocas de acordo com o trabalho
a ser desenvolvido.
3. Organize a classe de modo a
deixar os alunos que mais necessitam de ajuda mais próximos de você, de
preferência nas fileiras da frente. A tarefa do professor é altamente complexa.
Inúmeras variáveis intervêm para que o objetivo de favorecer a aprendizagem de
todos seja alcançado. Às vezes, detalhes permitem gerenciar melhor a ajuda que
você pode oferecer. Um deles é o modo de organizar o espaço da classe. Se os
alunos que demandam mais apoio e se dispersam com facilidade estiverem mais
próximos a você, será mais fácil observar, orientar e intervir no trabalho que
realizam.
4. Explique a todos o que deve
ser feito em cada atividade, mesmo naquelas complementares, propostas apenas
para os alunos que já escrevem convencionalmente. Este é mais um cuidado para
potencializar a ajuda valiosa que você pode oferecer aos alunos que têm
dificuldade. Se todos os alunos já sabem o que precisam fazer, seu apoio será
mais produtivo para os que necessitam dele. Não se esqueça de explicar também a
atividade complementar, a ser feita apenas por aqueles que trabalham num ritmo
mais rápido, por lidarem melhor com os conteúdos propostos.
5. Após ter dado orientação para
todos os alunos, caminhe entre eles e observe seus trabalhos, especialmente os
daqueles que têm mais dificuldades. É importante circular entre os alunos
enquanto eles trabalham por diversos motivos: avaliar se compreenderam a
proposta, observar como estão interagindo, garantir que as informações circulem
e que todos expressem o que sabem. Quando necessário, procure questionar e
interferir, evitando criar a idéia de que qualquer resposta é válida. Observe
também se o grau de dificuldade envolvido na proposta não está muito além do
que podem alguns alunos, se não está excessivamente difícil para eles. Cada
atividade propõe desafios destinados a favorecer a reflexão dos alunos. Muitas
vezes você deverá fazer ajustes: questionar alguns para que reflitam um pouco
mais, oferecer pistas para ajudar os inseguros. Você encontra sugestões para
isso na orientação de cada atividade sugerida.
6. Se tiver muitos alunos que
dependem de sua ajuda, acompanhe algumas duplas num dia e outras no dia
seguinte. Lembre-se de que é necessário planejar diariamente atividades
dedicadas à reflexão sobre o sistema de escrita (de escrita ou de leitura pelo
aluno). O desafio proposto para nós, professores, é muito grande, e sabemos que
gerenciá-lo é uma arte. Não podemos ajudar todos, o tempo todo. Por isso, você
precisa se organizar para melhorar as intervenções do ponto de vista
qualitativo. Uma forma de garantir esse acompanhamento é sempre dar atenção
particular a alguns alunos a cada dia. Além disso, a organização do trabalho em
duplas permite que, mesmo nos momentos em que não contam com sua ajuda, possam
trocar informações e se confrontar com ideias diferentes.
*Fonte: Guia para o planejamento
do professor alfabetizado – VOL 3 (SMESP)
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